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terça-feira, 26 de outubro de 2010

GRANITO DO CABO DE SANTO AGOSTINHO PERNAMBUCO, BRASIL

A região do Cabo de Santo Agostinho, litoral Pernambucano, reúne geologia, história e turismo. Geologicamente, representa a única região onde afloram rochas graníticas de idade cretácea em todo o Brasil, de 102+/-1 Ma (Nascimento 2003). O Granito do Cabo faz parte das rochas ígneas da Província Magmática do Cabo que se distribuem ao longo da bacia sedimentar de Pernambuco. Além disso, historiadores mostram que em 26 de janeiro de 1500, ou seja, três meses antes de Pedro Álvares Cabral chegar ao Brasil, à região havia recebido a visita do navegador Vicente Yañez Pinzón, o qual desembarcou na baía de Suape. Desta forma, a área de ocorrência do Granito do Cabo é, para alguns historiadores, o marco da chegada dos europeus ao Brasil. Neste local, encontram-se, ainda, construções do século XV, com destaque para a Igreja de Nazaré e as ruínas do Convento Carmelita e do Forte Castelo do Mar, bem como as belíssimas praias de Gaibu, Calhetas, Paraíso e Suape.
O Granito do Cabo de Santo Agostinho, ou simplesmente Granito do Cabo, encontra-se situado a aproximadamente 36 km a sul da cidade do Recife no Estado de Pernambuco, mostrando-se como um corpo semicircular com cerca de 04 km2 de área e uma altura de 60 m, de onde é possível admirar uma das mais bonitas paisagens da região. Suas rochas formam um promontório no litoral sul de Pernambuco, nos arredores das praias mais visitadas deste litoral: Gaibu, Calhetas, Paraíso e Suape.
GEOLOGIA HISTÓRICA
Em 1902, John Casper Branner fez uma das primeiras menções ao referido granito no seu trabalho clássico denominado de Geology along the Pernambuco coast south of Recife, publicado no Geological Society America Bulletim. No entanto, cerca de 400 anos antes, em 26 de janeiro de 1500, historiadores mencionam que Vicente Yañez Pinzón desembarcava no ponto mais ocidental do Estado de Pernambuco, ancorando na baía de Suape, cerca de três meses antes do feito histórico de Pedro Álvares Cabral, que culminou com o Descobrimento do Brasil.
Sobre o referido granito foram edificados inúmeros monumentos que faziam parte da Vila de Nazaré e hoje faz parte do "Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti". Neste Parque esta inserido o Sítio Histórico Vila de Nazaré, formado pela Igreja Nossa Senhora de Nazaré, ruinas do antigo Convento Carmelita, Cemitério, Antiga Casa do Faroleiro, Farol e Capela Velha. A Igreja de Nossa Senhora de Nazaré  é m dos monumentos mais importantes da região, tombado pelo Decreto Estadual nº 16.623 de 29 de abril de 1993. A Igreja e as ruinas do Convento são também tombados em nivel federal deste o ano de 1961. As  paredes foram erguidas usando-se óleo de baleia para unir os tijolos de pedra do próprio granito. Situando-se no ponto mais alto do Granito do  Cabo de Santo Agostinho.
Neste parque encontra-se ainda as ruínas do Forte Castelo do Mar ou Forte de Nazaré, uma edificação militar portuguesa, erguida em pedra e cal, em 1631, também pelo Conde de Bagnoli. Esta fortaleza servia de proteção contra invasões ao Porto de Nazaré. Representa um dos principais cartões postais da região. Próximo a este forte (no alto do morro) encontram-se as ruínas do Quartel Velho, erguidos por Conde de Bagnoli e que servia de apoio para o Forte Castelo do Mar.
Na antiga Vila de Nazaré encontra-se ainda as ruínas do Convento Carmelita, uma construção luso-brasileira iniciada em 1692 e concluída em 1731, ao lado da Igreja de Nazaré.
Este é considerado um dos monumentos mais importante do Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti. Nas ruínas deste convento ainda pode ser observado o lavatório utilizado pelas freiras na época.
Já no século XIX foram construídos o Cemitério da Vila de Nazaré para o descanso eterno dos entes queridos e a Casa do Faroleiro (entre 1882 e 1883), que se destinava à morada do faroleiro e como depósito de equipamentos do farol.

GEOLOGIA DO GRANITO DO CABO
Há cerca de 102 milhões de anos, a região do Cabo de Santo Agostinho era palco de um intenso magmatismo que deu origem a rochas como traquitos, riolitos, ignimbritos, basaltos e o próprio Granito do Cabo. Essa intensa atividade magmática deixou uma vasta exposição de rochas objeto de inúmeras pesquisas geocientíficas na região.
A mineralogia essencial é representada por feldspatos (ortoclásio e plagioclásio) e quartzo. O mineral máfico principal é o anfibólio, ocorrendo ainda como acessórios opacos, alanita, fluorita, apatita, zircão; além de biotita, epídoto e carbonato como secundários. Uma feição marcante é a presença de textura granofírica formada por intercrescimento simultâneo de quartzo e K-feldspato, corroborando com o posicionamento hipabissal deste granito. Algumas amostras de borda do corpo, mesmo sem marca de intemperismo, mostram alterações marcantes nos feldspatos. Os autólitos de microgranito encontrados no Granito do Cabo apresentam mineralogia idêntica a fácies principal do granito.
O GRANITO DO CABO E SUAS PRAIAS
Ao redor do corpo granítico ocorrem belíssimas praias com destaque para as de Gaibu, Calhetas, Paraíso e Suape. A Praia de Gaibu é uma das mais badaladas do litoral sul pernambucano. Uma das atrações principais é escalar o granito para apreciar um belo visual do mar e para conhecer a Praia de Calhetas.
Esta última encontra-se encravada entre rochas do granito e coqueirais. Esta pequena baía é considerada uma das mais belas praias do Brasil sendo procurada para pesca submarina e mergulho.
A Praia de Paraíso é a menor da região, com fragmentos de rochas do granito na areia e no mar, tornando a paisagem ainda mais bela. É imperdível observar a paisagem de toda a baía de Suape dos diversos mirantes no local. Por fim, a Praia de Suape mostra águas cristalinas e mornas, sendo o mar pouco profundo e sem ondas, propício para banhos e excelente para os esportes náuticos.
BIBLIOGRAFIAS
1.       Geology along the Pernambuco coast south of Recife. Geol. Soc. Amer. Bull., Washington, volume 13, páginas 58-92. Escrito por John Casper Branner, 1902.
2.        Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho. Formação Histórica e Geográfica do Cabo. Cabo de Santo Agostinho: Departamento de Estudos Sociais, Secretaria de Educação, 1988.
3.        A bacia costeira de Pernambuco. Publicado no Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos como Roteiro de Excursão por Mário Ferreira Lima Filho em Recife/PE, 2001.
4.        Catálogo Cultural do Cabo de Santo Agostinho - 502 Anos - Ruínas e Monumentos. Organizador: Marcos Ferreira de Moraes, 2002.
5.        Guia & Mapa Turísico do Cabo de Santo Agostinho. Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho, 2002.
6.        Geologia, Geocronologia, Geoquímica e Petrogênese das Rochas Ígneas Cretáceas da Província Magmática do Cabo e suas Relações com as Unidades Sedimentares da Bacia de Pernambuco (NE do Brasil). Tese de Doutorado, Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 233p. Elaborada por Marcos Antonio L. do Nascimento, 2003.


SITES NA INTERNET
Exército Brasileiro = http://www.exercito.gov.br/05Notici/VO/174/cbagosti.htm
Cidade do Cabo de Santo Agostinho = http://www.cabo.pe.gov.br
Diário de Pernambuco = http://www.pernambuco.com/turismo/cabo.html
Patrimônio de Pernambuco = http://www.patrimoniope.arq.br/rmr/cabo/cabo.htm
Hotel Canarius = http://www.hotelcanarius.com.br/gaibu/turismo_local.htm

REFERÊNCIA DESTE TRABALHO

Nascimento M.A.L. 2004. Geologia, História e Turismo da região do Granito do Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco, NE do Brasil. www.geobrasil.net/geobrasil.htm, excursões virtuais, 6p.

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